quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Season finale

Há cerca de um ano, nessa mesma época, eu estava ansiosa. Estava sendo comida pela incerteza do que estava preparado para o próximo ano. Havia decidido ser aupair, havia contado para minha chefe,meus amigos,  meus pais, meu namorado, etc. A incerteza do meu futuro, do meu sucesso aqui, me corroia por dentro. As sensações de "Será que fiz a coisa certa?" "O que vai ser de mim?" não me deixavam dormir. Eu tinha uma vida muito boa, era feliz e estava crescendo. Por que então quis interromper tudo isso?
Naquele momento não tinha respostas, era meu "final de temporada" e como todo final de temporada, terminou em suspense, pois as respostas só chegariam  com os episódios seguintes.
Logo que cheguei aqui, nas minhas primeiras semanas já me arrependi da escolha feita. Não precisava disso. Não queria estar longe, não gostava dos hábitos, não gostava das pessoas. Mas continuei, tinha que buscar as respostas paras questões que nem tinha. Depois de um tempo essa incerteza e dor deu lugar a euforia, queria provar tudo, ver tudo e tocar tudo. Nesse meio tempo acabei esquecendo de mim mesma. Tentei ser alguém que não era, ter amigos que não eram meus e, lógico, não deu certo.
Depois de algum tempo o arrependimento voltou, o que fazia aqui? de que valia tudo isso? voltava a questionar mais uma vez. Dai, para o momento que em me encontro, muita coisa passou. Nesse meio tempo, fiz novas amizades, perdi algumas (ainda que não tivesse me dado conta disso no momento), conheci lugares incrivéis e outros nem tanto, me conheci um pouquinho mais, fui magoada e também magoei. Alguns, confesso, nem me importo em ter magoado, mas outros me arrependo até o ultimo fio de cabelo.
É engraçado esse negócio de arrependimento, muita gente enche a boca pra falar: "Não me arrependo de nada do que fiz". Tenho pena dessas pessoas, porque de duas uma: ou mentem e não são maduros o suficiente de adimitir que se pode errar e  aprender com o arrependimento, ou não fizeram nada de interessante com a própria vida.
Eu me arrependi de muita coisa aqui, tempo perdido com pessoas que não mereciam, viagens e gastos desnecessários, infantilidade, inconsequencias, preguiças, etc. Mas me orgulho de muita coisa também. E por mais que tenha ganhado um ano de saudade, um ano de sofrimento que não tinha, um ano de solidão e uma divida enorme no final do percurso, saio daqui feliz (e muita gente não consegue entender isso).
Feliz porque tive uma das experiências mais incriveis da minha vida no último fim de semana, feliz porque fiz amigas (quando já achava que não era possível) que vou levar para vida inteira. Feliz porque tive minha epifania e descobri o que já era obvio - ainda que tenha sido necessário passar por tudo isso para ter certeza. Parece cliche terminar a temporada com romance, ainda mais sendo eu a menos romantica das romanticas, mas é assim que essa termina. Meu saldo final, mesmo com as lagrimas e a divida, foi confirmar aquilo que sempre soube mas que ainda não tinha coragem para escancarar: tenho o homem da minha vida e ele me ama! E, por isso, de verdade, não me importo com mais nada.
Se conseguirei pagar o que devo, provavelmente sim. Se o homem da minha vida vai continuar comigo, espero que sim! No fim das contas, isso não importa agora, é assunto pra próxima temporada, pois essa, termina aqui!





segunda-feira, 1 de novembro de 2010

California Girl

When I first started this blog I wrote something about California and its songs. I remember how amazed I was by the number of songs written for the Golden State.


This morning, waking up after my first - and maybe the only one- night of Halloween, with a huge Californian nostalgia, I decided  listen all the old classic songs about Cali, and the newest classics too.

Between Beach Boys, Eagles, Neil Young, Phanton Planet and Kate Perry, I could realize how the songs, right now, make so much more sense to me. Even the bad ones.

I'm leaving California in thirty days, and, more than changing the "t" for "d" in words like "thirty"; saying no "t" sound in words like "Sacramento", wearing fip-flops with pants or going to the beach and keeping the cardigans on, cheering for the SF Giants, making fun of the east coast people, enjoying jogging practice and other healthy habits, etc. I'll take from this place lots of memories, the best and the worst ones in all my life, but, besides that, a great feeling of making part of it.

Maybe not like the Kate Perry song, or even the Beach Boys one, maybe like Neil Youngs or another one that is gonna be written, what I wanna say is, one way or another, even with a poor comand of English and the whitest skin ever, I always gonna be  a California Girl.


Neil Young - California Sunset - ACL 25.9.1984.dkly`
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sábado, 2 de outubro de 2010

20 poucos anos...

Não tenho paciência mais para multidões, apertos e baladas (que não sejam especiais).
 Tenho poucos amigos.
Gosto de sentar tomar um vinho ou uma cerveja e conversar.
Gosto de cozinhar.
Sair para comer não significa, em hipótese alguma, ir ao McDonalds.
Ainda não tenho certeza se escolhi a profissão certa.
Nunca estive tão por minha conta. Gosto disso;  ainda que as vezes assuste.
Nunca fui tão dona de mim, ainda que me  escape com certa frequência.
Tenho vontade de jogar tudo para o alto as vezes.
Tenho medo de não conseguir fazer dinheiro.
Tenho medo de fazer dinheiro mas, ainda assim, ser infeliz.
Quero conhecer o mundo e viver tudo ao mesmo tempo; mas tenho preguiça as vezes.
Quero casar e ter familia, mas também não quero.
Faço coisas que até eu duvido.
Tenho medo de como o tempo passa rápido.
Tenho nostalgia .
Penso que toda crise adolescente é imbecil. Mas também tenho certeza que daqui alguns anos vou olhar para tudo aqui e encarar da mesma forma.  

Escrevia um post gigante, cheio de explicações, teorias, exemplos e citações. Mas percebi que não precisava muito para montar minha "lira dos vinte e poucos anos"

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Oh! The Places You’ll Go!

(by the incomparable Dr. Seuss)

Congratulations!
Today is your day.
You’re off to Great Places!
You’re off and away!

You have brains in your head.
You have feet in your shoes.

You can steer yourself any direction you choose.
You’re on your own. And you know what you know. And YOU are the guy who’ll decide where to go.



You’ll look up and down streets. Look’em over with care. About some you will say, “I don’t choose to go there.” With your head full of brains and your shoes full of feet, you’re too smart to go down a not-so-good street.

And you may not find any you’ll want to go down. In that case, of course, you’ll head straight out of town. It’s opener there in the wide open air.
Out there things can happen and frequently do to people as brainy and footsy as you.

And when things start to happen, don’t worry. Don’t stew. Just go right along. You’ll start happening too.



Oh! The Places You’ll Go!



You’ll be on your way up!
You’ll be seeing great sights!
You’ll join the high fliers who soar to high heights.



You won’t lag behind, because you’ll have the speed. You’ll pass the whole gang and you’ll soon take the lead. Wherever you fly, you’ll be best of the best. Wherever you go, you will top all the rest.

Except when you don’t.
Because, sometimes, you won’t.

I’m sorry to say so but, sadly, it’s true that Bang-ups and Hang-ups can happen to you.

You can get all hung up in a prickle-ly perch. And your gang will fly on. You’ll be left in a Lurch.

You’ll come down from the Lurch with an unpleasant bump. And the chances are, then, that you’ll be in a Slump.
And when you’re in a Slump, you’re not in for much fun. Un-slumping yourself is not easily done.

You will come to a place where the streets are not marked. Some windows are lighted. But mostly they’re darked. A place you could sprain both your elbow and chin! Do you dare to stay out? Do you dare to go in? How much can you lose? How much can you win?
And if you go in, should you turn left or right…or right-and-three-quarters? Or, maybe, not quite? Or go around back and sneak in from behind? Simple it’s not, I’m afraid you will find, for a mind-maker-upper to make up his mind.
You can get so confused that you’ll start in to race down long wiggled roads at a break-necking pace and grind on for miles across weirdish wild space, headed, I fear, toward a most useless place.

The Waiting Place…for people just waiting.

Waiting for a train to go or a bus to come, or a plane to go or the mail to come, or the rain to go or the phone to ring, or the snow to snow or waiting around for a Yes or No or waiting for their hair to grow. Everyone is just waiting.

Waiting for the fish to bite or waiting for wind to fly a kite or waiting around for Friday night or waiting, perhaps, for their Uncle Jake or a pot to boil, or a Better Break or a string of pearls, or a pair of pants or a wig with curls, or Another Chance. Everyone is just waiting.
No! That’s not for you!

Somehow you’ll escape all that waiting and staying. You’ll find the bright places where Boom Bands are playing. With banner flip-flapping, once more you’ll ride high! Ready for anything under the sky. Ready because you’re that kind of a guy!


Oh, the places you’ll go! There is fun to be done! There are points to be scored. There are games to be won. And the magical things you can do with that ball will make you the winning-est winner of all. Fame! You’ll be famous as famous can be, with the whole wide world watching you win on TV.

Except when they don’t. Because, sometimes, they won’t.
I’m afraid that some times you’ll play lonely games too. Games you can’t win ‘cause you’ll play against you.


All Alone!

Whether you like it or not, Alone will be something you’ll be quite a lot.

And when you’re alone, there’s a very good chance you’ll meet things that scare you right out of your pants. There are some, down the road between hither and yon, that can scare you so much you won’t want to go on.
But on you will go though the weather be foul. On you will go though your enemies prowl. On you will go though the Hakken-Kraks howl. Onward up many a frightening creek, though your arms may get sore and your sneakers may leak. On and on you will hike. And I know you’ll hike far and face up to your problems whatever they are.

You’ll get mixed up, of course, as you already know. You’ll get mixed up with many strange birds as you go. So be sure when you step. Step with care and great tact and remember that Life’s a Great Balancing Act. Just never forget to be dexterous and deft. And never mix up your right foot with your left.

And will you succeed?

Yes! You will, indeed!

(98 and ¾ percent guaranteed.)

Kid, you’ll move mountains!

So…be your name Buxbaum or Bixby or Bray or Mordecai Ale Van Allen O’Shea, you’re off to Great Places!

Today is your day!

Your mountain is waiting.

So…get on your way!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Guia Frommer

No último post falei sobre estar, agora que se finda minha jornada, ironicamente, vivendo o melhor desta. Enquanto eu, como disse Tati, descrevi "poeticamente" esse momento, meu querido Guilherme o explicou cientificamente, dizendo que essa era uma das tipicas fases, já por ele estudadas, da vida de um intercambista. Cientificamente ou poeticamente, não importa, o interessante é que a epifania desse momento me despertou para fazer mais do que já fazia, de planejar ainda mais longe do que já planejava e, o melhor de tudo, de conhecer ainda mais o que não conheço. Dai fiz o que todo turista tipico  faz e que eu, nada tipicamente nada, ainda não tinha feito: comprei guias de viagem. Na verdade, na verdade não os comprei, sou au pair não posso ficar gastando dinheiro assim. Mas fui na biblioteca e voltei com milhares deles.
A intenção inicial era me preparar para New York, Washington e Philadelphia - que visitarei nessa semana- mas porque não descobrir mais coisas sobre San Francisco e o Golden State antes?

The Haight
 Procurando lugares e coisas  para fazer em SF, não turisticamente óbvias, foi que me deparei com The Haight, o quarteirão Hippie, da capital hippie do mundo, nas decadas hippies de 60 e 70.
Realmente, caminhar pelas ruas do bairro é voltar algumas decadas, nas quais eu nem vivi: as lojas e as pessoas mais alternativas possiveis, somadas ao cheiro de incenso, ao ambiente interno indiano e as pinturas psicodélicas nas fachadas quase  fazem você querer colocar uma bata, óculos escuros, um par de chinelos e dizer "peace and love".

Eu e Elise em uma das paredes do The Haight
Os preços nas lojas não são muito convidativos- nada de hippie nesse aspecto- mas se procurar bem dá para fazer alguma pechincha, como no caso da loja de lenços e cachecóis indianos em que consegui comprar uma "scarf" de $7,00 por $4,00. Só tome cuidado com sua cabeça e outras partes ao sair dos estabelecimentos, pois eu recebi um presentinho vindo dos céus, mais especificadamente, da cloaca de uma pomba.
Visitar The Haight não é algo tão tipico de turistas de passagem rápida, mas é definitivamente algo necessário para quem fica por aqui por algum tempo. É viajar um pouco no tempo e respirar, além do incenso, um pouco de história pop.

Alamo Square
Se em The Haight respirei história, o que dizer, então, sobre a famosa Alamo Saquare. Essa, sim, parada obrigatória de turistas. Quem nunca viu as famosas "Painted Ladies" em algum filme? O que muitos não sabem é a história por traz delas. As casas vitorianas, como também são conhecidas, foram as únicas "sobreviventes" de um terremoto em 1906 que devastou San Francisco. A cidade toda queimou, mas as senhoras resistiram firmes e fortes e estão até hoje em pé para contar ´- ou mostrar- história.

The burning of San Francisco, April 18, 1906, view from St. Francis Hotel.

Date 18 April 1906(1906-04-18)
Source Panoramic photographs, Libary of Congress, Reproduction Number: LC-USZ62-130410

Painted Ladies

Monterey, Pacific Grove, Carmel e Big Sur

Todo mundo que vem para Califórnia sonha em um dia poder cruzar o estado dirigindo pela costa. Não é necessário muito dinheiro para isso, tendo em vista que aluguel de carro e gasolina são bem baratos por aqui. Fora isso, existe, ou melhor, não existe, o fator pedágio. Diferente do Brasil onde pedágio é igual a número de ex-BBBs - a cada ano cresce mais- aqui, raramente, se encontra um pedágio na estrada - que são maravilhosas por sinal. Entretanto, são necessários alguns dias para cumprir tal façanha; eu, que não disponho desses dias, aproveitei meu domingo para fazer pelo menos uma parte dessa jornada pela State Route 1.
Passei por Monterey, uma cidade conhecida por um famoso aquário maritmo e por ser ponto de encontro de mergulhadores profissionais ou não. Em seguida fui a Pacific Grove onde encontrei uma praia muito bonita, cheia de pedras, chamada "Lovers Point" , o lugar tem esse nome por servir de cenário para vários casamentos. Depois de Pacific Grove , dirigimos pela highway em direção ao chamado Big Sur e, de pouco em pouco,  fomos parando na estrada para apreciar a paisagem e tirar algumas fotos.
Pacific Grove-CA

State Route 1  Big Sur-CA


Na volta, passamos por Carmel e, lá, entrei novamente em contato com o passado, pois visitamos uma das missões religiosas históricas da Califórnia, bem parecido com o que temos ai na América do Sul. Sempre que faço esse tipo de "turismo religioso" me dá uma sensação estranha, um misto de calma, paz e assombro. Díficil de explicar.
Caminhando pelos escuros corredores da igreja encontramos uma biblia antiga em latim, me lembrei das minhas "aulas" de Latim (que de latim e de aula não tinham nada). Assustada fiquei mesmo quando, comentando com minha amiga Nancy que eu já havia estudado um pouco de latim no Brasil, ela me disse: - Eu Também estudei, durante dois anos, mas não na universidade, na escola mesmo.  Imaginem minha cara, né. Só podia dizer uma coisa: Irene pulchra est!

Essa semana parto em direção a "East Coast", vou visitar New York e arredores. Já li e reli meus guias de viagem. Como serei turista passageira por lá, visitarei apenas os lugares mais famosos, deixando muita coisa sem ser vista. Mas tenho certeza que volto com muita história e fotos e com vontade de procurar mais cantinhos franciscanos e californianos pelo Guia Frommer.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A melhor parte

O tempo passa rápido, isso já é algo batido, não? Me dei conta outro dia de que já cumpri mais da metade da minha jornada americana e, agora que essa metade se foi, parece que tudo passa ainda mais rápido. Lembro-me que uma vez que alguém me disse que a segunda parte do programa é a melhor, já passou  a euforia, já passou a fase "homesick" e dai vem o "have fun" consciente. Eu só tenho que concordar.
Hoje conversando com a minha host mother sobre a minha volta (que pode até ser antecipada por razões lógisticas que não me oponho nenhum pouco) senti um frio na espinha que me dizia: está acabando e agora?
Terminada a conversa agarrei meu Ipod, meu óculos de sol e fui pra academia e depois caminhar. Inevitavelmente, enquanto pedalava, refletia sobre tudo que fiz e passei desde que cheguei aqui. Tentei lembrar dos planos que havia feito quando sai do Brasil, do(s) intuito(s) da minha viagem: Praticar inglês? Auto-conhecimento? Aprimoramento profissional? Férias da vida? Era tudo isso e nada disso.
Na verdade eu não tinha um intuito concretamente pré-definido -  e, ainda que tivesse, ele mudaria - só sabia que devia vir pra cá. E vim.
 Avaliando o "até agora", sinto orgulho de mim. Fiz tudo o que me propuz a fazer (ainda que não tenha me proposto a fazer nada). Ganhei dinheiro e  gastei tudo sem ressentimento. Estudei, mas também não. Me perdi, mas também me encontrei. Fiquei só, mas também fiz (e estou fazendo) interessantissimas amizades. Me decepcionei com alguns, mas me surpreendi com outros. Tive dúvidas, mas encontrei certezas que nem sonhava. Sofri muitíssimo, mas também tive momentos felicíssimos.
Voltando da academia estiquei minha caminhada, não queria mais voltar pra casa. O sol queimava gostoso, sol californiano, sabe?! Não é nem quente demais, nem de menos. É morno, gostoso, como aquela água aquecida que você entra e não quer sair mais. Me dei conta que essa podia ser uma das ultimas vezes que sentia tal sol este ano, visto que o verão está acabando.  Parei por um minuto, ouvia Cranberries, e fiquei adimirando tudo. Me deu uma dorzinha, o frio na espinha de novo, tá acabando. De repente, esse sentimento mudou e, estranhamente, parecia que tudo era novo, de novo;  que eu acabara de chegar e que tinha muito a fazer e ver. Guardei esse sentimento comigo, e, ironicamente, agora que sei que o fim da jornada se aproxima, começo tudo novamente. O mesmo intusiamo inicial, com menos euforia talvez, mas com a experiência de quem já viveu a parte boa ( e a ruim  também) e que, agora, dá inicio a melhor.



sexta-feira, 16 de julho de 2010

Daydream believer

Quantas pessoas podem dizer que tiveram um sonho realizado? Não estou falando de sonhos palpáveis como um carro, uma casa ou uma bicicleta – ainda que estes possam causar a mesma sensação. Quando digo sonho penso em algo ingênuo, que de tão bobo parece que nunca vai se concretizar e que, por isso, é satisfeito só na imaginação. É como se o simples de devanear fosse suficiente. E esse tipo de sonho é tão particular que só pode fazer sentido para aquele que o sonhou.

Indo nesse sentido, da particularidade do sonho, posso afirmar que, embora tenha tido um “great time” em Honolulu, este não foi o ponto mais alto de minhas três últimas semanas. Semanas essas bem agitadas por sinal.

Tudo começou no domingo dia 27 de junho quando, sozinha, fui a San Francisco para realizar um sonho de infância: ver os Backstreet boys. O interessante é que tive exatamente aquilo que queria: os Backstreet boys, como nos anos 90. Ainda que com um Nick mais velho, um AJ mais careca e mais gordo, eram eles; os mesmos “meninos”, as mesmas danças, as mesmas músicas, as mesmas piscadas ensaiadas e as mesmas meninas gritando. Voltei ao tempo, sim. Achava isso impossível, mas foi como me senti. Cantei todas as músicas, dei tchauzinho para o Brian e consegui até me ver chegando na escola no dia seguinte, contando para a Carla, a Jéssica, a Larissa e o Eder que eu havia visto um show do Backstreet boys. Conseguia imaginar as duas primeiras me perguntando tudo sobre eles, a terceira me dizendo “uou” e falando que ainda iria em um show do Hanson em Milwaukee, e o terceiro, zombando da masculinidade e da qualidade musical do grupo. Como era um sonho de infância, logo depois do final da apresentação veio o sentimento de melancolia, mas o interessante é que ele veio de uma forma doce e suave, acompanhado pela sensação de “Yes, I did it!”

É estranho como sentimentos que parecem apagados dentro de você podem renascer assim que provocados. Não gosto mais de bsb, óbvio, cresci, mas naquele momento era como se eu ainda tivesse minha coleção de posters e fotos comigo. É como se eu ainda escrevesse milhares de cartas para ganhar qualquer coisa que fosse deles. É como se eu ainda acreditasse que a letra de “as long as you love me” fosse o poema mais lindo do mundo.

Tres dias depois do show eu estava no Hawaii realizando um sonho, como dito no post anterior, não sonhado e que por isso, ainda que perfeito, de impacto menor. Cinco dias apos o Hawaii eu voltaria a San Francisco, mais uma vez sozinha, para viver aquele que pra mim foi um dos pontos mais altos de meu intercambio até agora.

Quando eu, com meus 16 ou 17, anos decidi que já era hora de parar com a história de Nick e Brian pra cá e pra lá, tentei radicalizar e buscar um outro idolo que fosse o oposto daquilo que ouvia até então. Foi quando comecei a ouvir Nirvana; mas é aquela coisa, amor forçado não é amor por muito tempo. Minha fase grunge não durou mais que seis meses. Decidi, então, que não ter idolos seria o melhor a fazer, e, hoje confesso, foi a decisão mais sensata que já tive. Entretanto, é quando não se busca amor que ele aparece, pelo menos sempre foi assim comigo. E foi em meio a esse mundo sem idolatrias que comecei a, meio que sem querer querendo, escutar Beatles. Paixão a primeira vista, ou a primeira ouvida. Mas nada de idolatrias absurdas dessa vez, nada de fotos e coleções. O simples prazer de escutar a boa música me bastava, e, realmente, não se faz necessário mais nada.

Se estar em um show dos Backstreet boys era algo impossível, embora sonhado, estar num show dos Beatles era algo querido mas inimaginável, tendo em vista que metade nem mais vive. Não se tratava de qualquer idolo, mas de idolos maiores, não meus, mas do mundo. Idolos dos idolos. Dai, vocês podem imaginar a sensação de estar sentada olhando para um pontinho branco e preto num palco e em seguida para um telão e vendo que ali, com uma simpatia descomunal, uma qualidade inigualável, estava ninguém menos que Paul Mccartney. Não, vocês não podem. Talvez as 40 mil pessoas que me acompanhavam possam, mas vocês não podem. Porque não há como descrever, não há como colocar aqui. Não basta dizer que lagrimas rolaram, não basta dizer que foi o melhor show da minha vida e não adianta eu colocar um video com imagens, nada vai ser como foi. Perfeito.

É interessante que no meio da multidão eu conseguia ver muitas tiazinhas, com seus cinquenta ou sessenta anos dançando, cantando e dando tchauzinho para o Paul. Talvez essas mesmas velhinhas estivessem ali , como eu também estive no show dos Backstreet boys, voltando ao passado. Eu as olhava e pensava exatamente isso. Invejava a superioridade do passado delas frente ao meu, pois, no palco, não via piscadas ensaidas, dancinhas para compensar a falta de poesia, pelo contrário. Estar ali, boquiaberta com a qualidade do show- que durou três horas initerruptas, vendo um profissional cuidadoso tocar vários instrumentos com perfeição e vendo que a letra de “Blackbird” é, de fato, poesia pura, me fez sentir e dizer: Caralho, é o Paul Mccartney! E naquele momento as velhinhas sumiram, e as 40 mil pessoas também e eu estava ali, em San Francisco - a capital mundial dos anos 60,  sozinha com Paul MCcartney.

O mais interessante disso tudo é que, em meio ao momento de  felicidade,  pude lembrar de algo que já havia, talvez pela rotina auperiana,  me esquecido: que o sonho maior que realizo é o de estar aqui na américa. Sonho que sonhei por toda a minha vida, mesmo que timidamente as vezes, sonho este que, ainda que sofrido as vezes, me abre portas para outros sonhos como esses que acabei de descrever. Quantas pessoas podem dizer que tiveram um sonho realizado? Umas 40 mil? Não sei, talvez mais. O que sei é que eu posso.