segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Guia Frommer

No último post falei sobre estar, agora que se finda minha jornada, ironicamente, vivendo o melhor desta. Enquanto eu, como disse Tati, descrevi "poeticamente" esse momento, meu querido Guilherme o explicou cientificamente, dizendo que essa era uma das tipicas fases, já por ele estudadas, da vida de um intercambista. Cientificamente ou poeticamente, não importa, o interessante é que a epifania desse momento me despertou para fazer mais do que já fazia, de planejar ainda mais longe do que já planejava e, o melhor de tudo, de conhecer ainda mais o que não conheço. Dai fiz o que todo turista tipico  faz e que eu, nada tipicamente nada, ainda não tinha feito: comprei guias de viagem. Na verdade, na verdade não os comprei, sou au pair não posso ficar gastando dinheiro assim. Mas fui na biblioteca e voltei com milhares deles.
A intenção inicial era me preparar para New York, Washington e Philadelphia - que visitarei nessa semana- mas porque não descobrir mais coisas sobre San Francisco e o Golden State antes?

The Haight
 Procurando lugares e coisas  para fazer em SF, não turisticamente óbvias, foi que me deparei com The Haight, o quarteirão Hippie, da capital hippie do mundo, nas decadas hippies de 60 e 70.
Realmente, caminhar pelas ruas do bairro é voltar algumas decadas, nas quais eu nem vivi: as lojas e as pessoas mais alternativas possiveis, somadas ao cheiro de incenso, ao ambiente interno indiano e as pinturas psicodélicas nas fachadas quase  fazem você querer colocar uma bata, óculos escuros, um par de chinelos e dizer "peace and love".

Eu e Elise em uma das paredes do The Haight
Os preços nas lojas não são muito convidativos- nada de hippie nesse aspecto- mas se procurar bem dá para fazer alguma pechincha, como no caso da loja de lenços e cachecóis indianos em que consegui comprar uma "scarf" de $7,00 por $4,00. Só tome cuidado com sua cabeça e outras partes ao sair dos estabelecimentos, pois eu recebi um presentinho vindo dos céus, mais especificadamente, da cloaca de uma pomba.
Visitar The Haight não é algo tão tipico de turistas de passagem rápida, mas é definitivamente algo necessário para quem fica por aqui por algum tempo. É viajar um pouco no tempo e respirar, além do incenso, um pouco de história pop.

Alamo Square
Se em The Haight respirei história, o que dizer, então, sobre a famosa Alamo Saquare. Essa, sim, parada obrigatória de turistas. Quem nunca viu as famosas "Painted Ladies" em algum filme? O que muitos não sabem é a história por traz delas. As casas vitorianas, como também são conhecidas, foram as únicas "sobreviventes" de um terremoto em 1906 que devastou San Francisco. A cidade toda queimou, mas as senhoras resistiram firmes e fortes e estão até hoje em pé para contar ´- ou mostrar- história.

The burning of San Francisco, April 18, 1906, view from St. Francis Hotel.

Date 18 April 1906(1906-04-18)
Source Panoramic photographs, Libary of Congress, Reproduction Number: LC-USZ62-130410

Painted Ladies

Monterey, Pacific Grove, Carmel e Big Sur

Todo mundo que vem para Califórnia sonha em um dia poder cruzar o estado dirigindo pela costa. Não é necessário muito dinheiro para isso, tendo em vista que aluguel de carro e gasolina são bem baratos por aqui. Fora isso, existe, ou melhor, não existe, o fator pedágio. Diferente do Brasil onde pedágio é igual a número de ex-BBBs - a cada ano cresce mais- aqui, raramente, se encontra um pedágio na estrada - que são maravilhosas por sinal. Entretanto, são necessários alguns dias para cumprir tal façanha; eu, que não disponho desses dias, aproveitei meu domingo para fazer pelo menos uma parte dessa jornada pela State Route 1.
Passei por Monterey, uma cidade conhecida por um famoso aquário maritmo e por ser ponto de encontro de mergulhadores profissionais ou não. Em seguida fui a Pacific Grove onde encontrei uma praia muito bonita, cheia de pedras, chamada "Lovers Point" , o lugar tem esse nome por servir de cenário para vários casamentos. Depois de Pacific Grove , dirigimos pela highway em direção ao chamado Big Sur e, de pouco em pouco,  fomos parando na estrada para apreciar a paisagem e tirar algumas fotos.
Pacific Grove-CA

State Route 1  Big Sur-CA


Na volta, passamos por Carmel e, lá, entrei novamente em contato com o passado, pois visitamos uma das missões religiosas históricas da Califórnia, bem parecido com o que temos ai na América do Sul. Sempre que faço esse tipo de "turismo religioso" me dá uma sensação estranha, um misto de calma, paz e assombro. Díficil de explicar.
Caminhando pelos escuros corredores da igreja encontramos uma biblia antiga em latim, me lembrei das minhas "aulas" de Latim (que de latim e de aula não tinham nada). Assustada fiquei mesmo quando, comentando com minha amiga Nancy que eu já havia estudado um pouco de latim no Brasil, ela me disse: - Eu Também estudei, durante dois anos, mas não na universidade, na escola mesmo.  Imaginem minha cara, né. Só podia dizer uma coisa: Irene pulchra est!

Essa semana parto em direção a "East Coast", vou visitar New York e arredores. Já li e reli meus guias de viagem. Como serei turista passageira por lá, visitarei apenas os lugares mais famosos, deixando muita coisa sem ser vista. Mas tenho certeza que volto com muita história e fotos e com vontade de procurar mais cantinhos franciscanos e californianos pelo Guia Frommer.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A melhor parte

O tempo passa rápido, isso já é algo batido, não? Me dei conta outro dia de que já cumpri mais da metade da minha jornada americana e, agora que essa metade se foi, parece que tudo passa ainda mais rápido. Lembro-me que uma vez que alguém me disse que a segunda parte do programa é a melhor, já passou  a euforia, já passou a fase "homesick" e dai vem o "have fun" consciente. Eu só tenho que concordar.
Hoje conversando com a minha host mother sobre a minha volta (que pode até ser antecipada por razões lógisticas que não me oponho nenhum pouco) senti um frio na espinha que me dizia: está acabando e agora?
Terminada a conversa agarrei meu Ipod, meu óculos de sol e fui pra academia e depois caminhar. Inevitavelmente, enquanto pedalava, refletia sobre tudo que fiz e passei desde que cheguei aqui. Tentei lembrar dos planos que havia feito quando sai do Brasil, do(s) intuito(s) da minha viagem: Praticar inglês? Auto-conhecimento? Aprimoramento profissional? Férias da vida? Era tudo isso e nada disso.
Na verdade eu não tinha um intuito concretamente pré-definido -  e, ainda que tivesse, ele mudaria - só sabia que devia vir pra cá. E vim.
 Avaliando o "até agora", sinto orgulho de mim. Fiz tudo o que me propuz a fazer (ainda que não tenha me proposto a fazer nada). Ganhei dinheiro e  gastei tudo sem ressentimento. Estudei, mas também não. Me perdi, mas também me encontrei. Fiquei só, mas também fiz (e estou fazendo) interessantissimas amizades. Me decepcionei com alguns, mas me surpreendi com outros. Tive dúvidas, mas encontrei certezas que nem sonhava. Sofri muitíssimo, mas também tive momentos felicíssimos.
Voltando da academia estiquei minha caminhada, não queria mais voltar pra casa. O sol queimava gostoso, sol californiano, sabe?! Não é nem quente demais, nem de menos. É morno, gostoso, como aquela água aquecida que você entra e não quer sair mais. Me dei conta que essa podia ser uma das ultimas vezes que sentia tal sol este ano, visto que o verão está acabando.  Parei por um minuto, ouvia Cranberries, e fiquei adimirando tudo. Me deu uma dorzinha, o frio na espinha de novo, tá acabando. De repente, esse sentimento mudou e, estranhamente, parecia que tudo era novo, de novo;  que eu acabara de chegar e que tinha muito a fazer e ver. Guardei esse sentimento comigo, e, ironicamente, agora que sei que o fim da jornada se aproxima, começo tudo novamente. O mesmo intusiamo inicial, com menos euforia talvez, mas com a experiência de quem já viveu a parte boa ( e a ruim  também) e que, agora, dá inicio a melhor.