sexta-feira, 16 de julho de 2010

Daydream believer

Quantas pessoas podem dizer que tiveram um sonho realizado? Não estou falando de sonhos palpáveis como um carro, uma casa ou uma bicicleta – ainda que estes possam causar a mesma sensação. Quando digo sonho penso em algo ingênuo, que de tão bobo parece que nunca vai se concretizar e que, por isso, é satisfeito só na imaginação. É como se o simples de devanear fosse suficiente. E esse tipo de sonho é tão particular que só pode fazer sentido para aquele que o sonhou.

Indo nesse sentido, da particularidade do sonho, posso afirmar que, embora tenha tido um “great time” em Honolulu, este não foi o ponto mais alto de minhas três últimas semanas. Semanas essas bem agitadas por sinal.

Tudo começou no domingo dia 27 de junho quando, sozinha, fui a San Francisco para realizar um sonho de infância: ver os Backstreet boys. O interessante é que tive exatamente aquilo que queria: os Backstreet boys, como nos anos 90. Ainda que com um Nick mais velho, um AJ mais careca e mais gordo, eram eles; os mesmos “meninos”, as mesmas danças, as mesmas músicas, as mesmas piscadas ensaiadas e as mesmas meninas gritando. Voltei ao tempo, sim. Achava isso impossível, mas foi como me senti. Cantei todas as músicas, dei tchauzinho para o Brian e consegui até me ver chegando na escola no dia seguinte, contando para a Carla, a Jéssica, a Larissa e o Eder que eu havia visto um show do Backstreet boys. Conseguia imaginar as duas primeiras me perguntando tudo sobre eles, a terceira me dizendo “uou” e falando que ainda iria em um show do Hanson em Milwaukee, e o terceiro, zombando da masculinidade e da qualidade musical do grupo. Como era um sonho de infância, logo depois do final da apresentação veio o sentimento de melancolia, mas o interessante é que ele veio de uma forma doce e suave, acompanhado pela sensação de “Yes, I did it!”

É estranho como sentimentos que parecem apagados dentro de você podem renascer assim que provocados. Não gosto mais de bsb, óbvio, cresci, mas naquele momento era como se eu ainda tivesse minha coleção de posters e fotos comigo. É como se eu ainda escrevesse milhares de cartas para ganhar qualquer coisa que fosse deles. É como se eu ainda acreditasse que a letra de “as long as you love me” fosse o poema mais lindo do mundo.

Tres dias depois do show eu estava no Hawaii realizando um sonho, como dito no post anterior, não sonhado e que por isso, ainda que perfeito, de impacto menor. Cinco dias apos o Hawaii eu voltaria a San Francisco, mais uma vez sozinha, para viver aquele que pra mim foi um dos pontos mais altos de meu intercambio até agora.

Quando eu, com meus 16 ou 17, anos decidi que já era hora de parar com a história de Nick e Brian pra cá e pra lá, tentei radicalizar e buscar um outro idolo que fosse o oposto daquilo que ouvia até então. Foi quando comecei a ouvir Nirvana; mas é aquela coisa, amor forçado não é amor por muito tempo. Minha fase grunge não durou mais que seis meses. Decidi, então, que não ter idolos seria o melhor a fazer, e, hoje confesso, foi a decisão mais sensata que já tive. Entretanto, é quando não se busca amor que ele aparece, pelo menos sempre foi assim comigo. E foi em meio a esse mundo sem idolatrias que comecei a, meio que sem querer querendo, escutar Beatles. Paixão a primeira vista, ou a primeira ouvida. Mas nada de idolatrias absurdas dessa vez, nada de fotos e coleções. O simples prazer de escutar a boa música me bastava, e, realmente, não se faz necessário mais nada.

Se estar em um show dos Backstreet boys era algo impossível, embora sonhado, estar num show dos Beatles era algo querido mas inimaginável, tendo em vista que metade nem mais vive. Não se tratava de qualquer idolo, mas de idolos maiores, não meus, mas do mundo. Idolos dos idolos. Dai, vocês podem imaginar a sensação de estar sentada olhando para um pontinho branco e preto num palco e em seguida para um telão e vendo que ali, com uma simpatia descomunal, uma qualidade inigualável, estava ninguém menos que Paul Mccartney. Não, vocês não podem. Talvez as 40 mil pessoas que me acompanhavam possam, mas vocês não podem. Porque não há como descrever, não há como colocar aqui. Não basta dizer que lagrimas rolaram, não basta dizer que foi o melhor show da minha vida e não adianta eu colocar um video com imagens, nada vai ser como foi. Perfeito.

É interessante que no meio da multidão eu conseguia ver muitas tiazinhas, com seus cinquenta ou sessenta anos dançando, cantando e dando tchauzinho para o Paul. Talvez essas mesmas velhinhas estivessem ali , como eu também estive no show dos Backstreet boys, voltando ao passado. Eu as olhava e pensava exatamente isso. Invejava a superioridade do passado delas frente ao meu, pois, no palco, não via piscadas ensaidas, dancinhas para compensar a falta de poesia, pelo contrário. Estar ali, boquiaberta com a qualidade do show- que durou três horas initerruptas, vendo um profissional cuidadoso tocar vários instrumentos com perfeição e vendo que a letra de “Blackbird” é, de fato, poesia pura, me fez sentir e dizer: Caralho, é o Paul Mccartney! E naquele momento as velhinhas sumiram, e as 40 mil pessoas também e eu estava ali, em San Francisco - a capital mundial dos anos 60,  sozinha com Paul MCcartney.

O mais interessante disso tudo é que, em meio ao momento de  felicidade,  pude lembrar de algo que já havia, talvez pela rotina auperiana,  me esquecido: que o sonho maior que realizo é o de estar aqui na américa. Sonho que sonhei por toda a minha vida, mesmo que timidamente as vezes, sonho este que, ainda que sofrido as vezes, me abre portas para outros sonhos como esses que acabei de descrever. Quantas pessoas podem dizer que tiveram um sonho realizado? Umas 40 mil? Não sei, talvez mais. O que sei é que eu posso.



terça-feira, 6 de julho de 2010

Somewhere over the rainbow

Até agora não escrevi um post sequer falando sobre minhas viagens por aqui, isso é bem estranho tendo em vista que este é um blog de intercambista. O que acontece é que, geralmente, volto tão cansada das viagens que acabo deixando para depois o post -o qual nunca sai no final. Um outro motivo de não escrever, advem do fato de me achar inexperiente para tanto. Fico, ou ficava, pensando que alguém para produzir um texto dando dicas e relatos sobre um determinado ponto turistico deve conhecer muito bem o assunto e não ser marinheiro de primeira viagem como eu sou. No entanto, o que percebo com o passar do tempo é que até o mínimo conhecimento já é alguma coisa e já pode ser valioso para alguém. Daí,só para concluir o preâmbulo,  resolvi escrever meu primeiro post "Guia Frommer" e  não poderia começar por lugar melhor, pela terra do arco-iris: Hawaii.
Passei quatro dias em Honolulu com mais duas amigas, saimos de San Francisco no dia 30 e voltamos na madrugada do dia 5. A viagem é bem longa, ainda que seja o mais curto trajeto em território americano, 5 horas e meia para ir. Há uma diferença de horário de quatro horas entre os dois estados. O que para quem está indo é maravilhoso, saimos as nove da noite e chegamos a meia noite lá. Porém, para a volta é mais confuso e cansativo, é o caminho inverso,  saimos de lá  também as nove e chegamos aqui as quatro e meia da manhã.
Escolhemos Oahu por ser a ilha mais barata e também a mais agitada. Ficamos em Waikiki, que é o lugar do "fervo", cheio de gente, lojas, prédios, etc. o que te faz até esquecer que está numa ilha as vezes.  Nesse ponto, o aluguel de um carro foi fundamental, pois podiamos passear por toda a ilha conhecendo várias praias, algumas praticamente desertas. Em quatro dias de viagem gastamos U$ 33,00 de gasolina ($11,00 por pessoa), o que não é nada tendo em vista o quanto rodamos. De ínicio eu estava em dúvidas se valeria a pena alugar um carro, depois da experiência afirmo que este foi essencial, valeu cada centavo ( que nem foi muito no final).
Entre as praias que conheci o destaque vai para Hanauma bay, lugar extremamente lindo, patrimonio natural do Hawaii, propicio para quem deseja praticar snorkling. Foi a única praia em que pagamos para entrar (7,50). Para quem deseja ver os peixinhos e corais de perto é possível alugar  o equipamento completo de snorkling por U$ 9,00, dentro da praia mesmo. Para quem, como eu, não leva muito jeito para a coisa, vale a pena simplesmente tirar várias fotos e deitar para tomar um sol. Uma dica: leve agua e comida, pois não há lugar para comprar na praia.
Fora visitar praias lindíssimas com aguas de um azul inigualável, há muita coisa para se fazer em Honolulu. E este talvez seja um dos  pontos que tornam o Hawaii um lugar único.Dentre as diversas opções:  cruzeiros, passeio de helicoptero pela ilha, vulcão,etc., acabei ficando com o tradicional Luau  e o curioso passeio de submarino. Não há como visitar Hawaii sem participar de um luau, mas esqueça toda aquela imagem de "baile do havaí" no country club da sua cidade, de parecido só a roupa e os colares. Ao invés das frutas espalhadas pelo salão, no verdadeiro Luau o que encontramos é uma festa a céu aberto, em uma praia privada, com muita comida e bebida, música típica e show de dança. Esta é a  forma mais divertida de se entrar em contato com a cultura polinésia, valeu cada centavo gasto (o que não foi pouco, o lual mais barato não sai por menos de U$ 60,00).
Quanto ao passeio de submarino, não tive a mesma sensação de dinheiro bem gasto, embora tenha gostado muito também. Talvez porque o tempo que passei  dentro do veiculo (45 minutos) tenha corrido muito depressa. Mas confesso que a sensação de estar a 69 feets (aprox. 22 m)  no fundo do mar é bem interessante.
Não podia terminar esse post sem falar daquele que considero o ponto mais forte do Hawaii: o povo. A sensação de ser bem acolhido é latente, eles realmente sabem como produzir turismo. Seja pelas milhares de lojas ABC com souvenirs espalhadas em cada rua da cidade,seja pela organização, seja pelo tom amigável com que nos tratam ou simplemente pelo fato de lembrarem seu nome ( e de outras trinta pessoas mais no grupo) depois de uma noite de festa, o fato é que esse povo faz toda a diferença e faz você sentir: Poxa! que sonho, eu estou no Hawaii!
Quando chegamos na ilha  a primeira coisa que me deparei foi com uma placa de carro havaino, no fundo havia o desenho de um arco-iris. No dia seguinte logo ao amanhecer, depois de uma chuvinha fina que nos acompanhou durante os quatro dias de viagem pude perceber o porquê da placa: um lindo arco-iris estampado no céu. Talvez essa seja a explicação de nos sentirmos tão em paz nesse lugar, da água ser tão azul e do povo tão feliz. O Hawaii era algo tão distante para mim que nunca me autorizei a sonhar com isso, mas como diz a música:  Somewhere over the rainbow (...) Dreams really do come true, até aqueles que você nunca sonhou.